domingo, 15 de janeiro de 2012

Caio Fernando Abreu

Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.


Tu sabes como é, a gente fica pensando aquela porção de coisas destrutivas, que nunca mais vai conseguir, que secou completamente, etc.


Não sei o que dizer a ele. Não sei o que dizer a ninguém. 

Dei conselhos a ele, disse que admitia que cada um fizesse o que bem entendesse, mas que devia-se resguardar um limite de decência, de respeito pelo outro e por si próprio, que se deve ter uma diretriz na vida, senão fica tudo vazio, sem sentido.

O que tem de ser, tem muita força. Ninguém precisa se assustar com a distância, os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu?

E se o telefone tocar diga que eu morri, que estou mortinho da silva. Estirado no chão da sala com o coração na mão. Diga que retirei meu coração com a mão – Ele estava doendo demais.

Eu vou fechar os olhos e acreditar num mundo mais bonito.

Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. 
Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem!

Uma mistura de sentimentos dentro de mim neste momento, mas vou deixar se sobressair apenas os bons, apenas os que trazem a felicidade.

Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outras com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é. 

Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. 
Quero ser diferente. 
Eu sou. E se não for, me farei.

Se ao menos dessa revolta, dessa angústia, saísse alguma coisa que prestasse.

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