quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Imelda Sitole

Habituei-me rapidamente a sua presença, ao seu carinho e ao amor constante que você me oferecia, mas não me habituo com essa sua distância, com a sua indiferença, não me habituo ao vazio dos dias, ao silêncio das vozes, não me conformo que 
você tenha encontrado formas de seguir sem mim.
Ainda me lembro de você algumas vezes. Na verdade lembro me quase sempre, a todo momento, a cada suspiro.
Pequenos nadas trazem-me rapidamente a sua leve lembrança na minha cabeça.
O toque da mensagem com você ao longe me dizendo estar com saudades, as suas ligações antes de eu dormir, a sua voz profunda me trazendo paz, o seu riso, lugares onde estivemos,cheiros, músicas, momentos que partilhamos.
A minha cabeça sabe que você se foi, o meu corpo deixou de sentir a sua pele na minha, mas o meu coração não se habitua, não me entende quando digo que você deixou de nos pertencer, e vez a outra ele ainda implora em segredo pela sua presença. Perdi a conta das vezes em que adormeci a pedir que você voltasse, pra que tudo voltasse a ser como era antes, e passava horas, perdida a pensar em nós, no que eramos, e em tudo que se perdeu.
Alguns dias vivo como se tivesse superado a dor da sua ausência, ou como quem aceitou bem a despedida, mas em outros a saudade chega, arromba o meu o coração e me absorve, deixa-me perdida.
Mas acredito que com o tempo as lembranças ficarão mais escassaz, ou pelos menos deixarei de te lembrar com esta dor e saudade absurda.
O tempo será generoso e como uma peneira irá guardar apenas o que foi bom, o que vale a pena recordar.
Senti e passei por muita coisa com a sua partida. Ainda venho sentindo. È verdade.
Cada dia que termina é uma luta diária, uma vitória secreta. E apesar de você ter sido o causador da minha dor, só você a podia curar.
A vida derrubou-me inesperadamente, mas venho me levantando, aos poucos.
Os passos são lentos, mas firmes. Importa-me mais a direcção do que a velocidade.
Como um bebé que aprende os primeiros passos, cai, chora, mas volta sempre a tentar mais uma vez.
E hoje, enquanto termino de escrever-lhe esta carta, estarei pondo um ponto final em nós e em tudo que fomos.
Fiz todas as minhas malas, procurei um novo caminho e sinto-me preparada para me ir embora e seguir com a vida.
Tenho muita paz dentro de mim e é essa paz que eu mais te desejo agora.

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